Nem sempre a família da gente é a família da gente. Não basta ter laços consangüínios ou documentos que comprovem a familiaridade. Um familiar pode ser qualquer pessoa, por mais distante geneticamente que ela seja de você. O que é preciso, de fato, é ser família. É um estado.
Sempre há aquela pessoa, parente ou não, que você vê uma vez a cada três meses, porém você a considera mais que a um irmão. E sempre há aquela pessoa que participa da mesma árvore genealógica que você, porém você não suporta passar míseros cinco minutos ao lado dela. Há parentes que mutuamente se tratam como "visitas", com distância que nem visitas e anfitriões teriam, e há parentes que na frente dos quais você desfila de cuecas e meias às 4h30 da madrugada comendo as sobras da pizza do dia anterior. Há pessoas que sabem mais sobre você em seis meses de convivência do que seus pais souberam em 25 anos. Há pessoas que te dão roupas de presente, e há pessoas que pegam suas roupas e ainda reclamam quando você as pega de volta. Há pessoas que te cumprimentam nas festas de fim de ano apenas pelo fato de terem o mesmo sobrenome que você, e há pessoas que, por mais que você só curta MPB e rock 80's, te chamam pro baile da Furacão porque fazem questão da sua companhia.
O que é uma família? Não sei.
Mas acredito que seja o conjunto de pessoas que você escolheu para fazer parte da sua vida. E você das delas.